sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

O que é Liberdade?

           Em geral, a definição de liberdade está relacionada com a capacidade de escolha, de decisão. De acordo com o dicionário Aurélio a liberdade é considerada como a habilidade de decidir ou agir conforme os seus próprios anseios e vontades. Para uma melhor compreensão é possível estudar a liberdade acordada com algumas definições, como respeito, capacidade de escolha, regras, disciplina, restrições, independência e cidadania (sociedade).
            Há uma famosa expressão popular que diz: "minha liberdade se encerra onde começa sua liberdade". Não se deve confundir respeito com compactuação e a aceitação de valores diferentes jamais deve representar apoio ou conivência com aquilo que não lhe apraz. Repeito ao diferente, ao pensamento e comportamento diferente deve ser visto como a obediência e compreensão de formas e modelos distintos de pensamentos e comportamentos sem que um deles interfira ou se sobreponha as liberdades individuas de cada um, do contrário, a frase anterior não faria sentido. O respeito é necessário para a aceitação de regras e determinações que contribuam para uma maneira sustentável e sadia de convivência em sociedade.
            Jean-Paul Sartre dizia que "todo homem está condenado a liberdade", de modo que não há uma escravo, incapaz de decidir qualquer coisa por si só. O poder de escolha é a essência da liberdade, uma vez que toda a concepção de homem livre passa pela capacidade que ele tem de escolher. No entanto, a sua capacidade de decidir não é absoluta, o que não o torna livre para tomar todas as escolhas que bem o aprouver, até mesmo porque isso geraria desordem, implicaria em interferir em liberdades alheias e o incapacitaria ante suas próprias limitações, sem contar as limitações legais, que são as condicionadas por leis. Ademais, escolhas condicionam a existência de outras escolhas, sempre que se opta por algo, uma série de outras escolhas são omitidas, e as escolhas assumidas sempre geram consequências de pequena ou grande escala, aquilo que pode ser chamado de "efeito borboleta". Dentro da visão existencialista isso é considerado como algo triste.
            Para Montesquieu: "A liberdade é a habilidade de fazer aquilo que a lei permite, e, se um cidadão pode fazer aquilo que é proibido pela lei ele não pode possuir a liberdade, pois os outros teriam o mesmo direito". Embora o senso comum veja as leis como a capacidade de reduzir a liberdade, uma vez que a lei reduz a capacidade de escolha, é também pela lei que se pode reclamar a sua liberdade e impor meios punitivos que visem estabelecer a ordem para que as liberdades individuais também possam ser cumpridas e respeitadas, pois não ausência delas não haveria como reclamá-la.
            Outro aspecto interessante é a compreensão do quão a disciplina e a liberdade são definições opositoras e complementares, pois ainda que a disciplina remova boa parte da espontaneidade das escolhas ela possuí a capacidade de defender o direito à liberdade. Um exemplo bem clássico que se pode ver a respeito disso é na educação familiar: pais ensinam e educam seus filhos, eles lhes dão disciplina, no entanto eles condicionam o como eles devem agir e os seus comportamentos para que ajam de modo educado, o que contribuem para a remoção da liberdade espontânea da criança tomar suas próprias atitudes. Caso a educação não dependesse dos pais, eles não disciplinariam seus filhos e portanto haveria a liberdade para que seus filhos tomassem qualquer decisão por conta própria, contudo, essas decisões a serem tomadas poderiam facilmente expô-los a consequências desastrosas e irresponsáveis, sem bases, princípios e valores, isso porque toda a liberdade que não se ampara na disciplina corre o risco de se tornar libertinagem, que nada mais é que o mau uso da liberdade.
            Além do mais, a liberdade também está condicionada às suas restrições, o que impede que a liberdade seja absoluta. As restrições são limitações que cerceiam a livre tomada de decisões. Elas podem ser naturais: a mão não pode ouvir o que os ouvidos ouvem e tampouco os ouvidos segurarem aquilo que as mãos seguram; ou propostas (impostas) pelo convívio em sociedade. As restrições se opõe a liberdade a limitando, e lutar contra elas é um esforço em vão, que só gera desordem e problemas, seja a curto, médio ou longo prazo. Portanto, não faz sentido, por exemplo, apoiar e implantar ideologias de gênero, pois a natureza restringe a forma da reprodução humana e os genes que a ela estão condicionados (XX e XY).
            Segundo Aristóteles: "O homem livre é dono de seus desejos e o homem escravo somente de sua consciência". Isso acontece porque a independência é consequência da liberdade e a partir do momento que alguém escolhe ele se torna não somente dono de seus anseios, mas também responsável por aquilo. Assim se compreende que a liberdade possuí um bônus e, em contrapartida, um ônus.
            Em suma é sempre importante que a liberdade seja respeitada em todos os seus aspectos, especialmente quando imersa em leis providas de bons princípios de cidadania, ética e qualidade de vida. Como diz a bandeira de Minas Gerais: "Libertas quae sera tamem". (Liberdade ainda que tardia).