sábado, 22 de agosto de 2020

Menos ou mais?

             Atualmente muito se lembra daquela frase "menos é mais", usada para justificar o uso menor de um recurso para obter melhores resultados: menos luz acessa, mais economia de energia; menos embalagens, mais preocupação ambiental; menos lavagem de calçadas e carros, mais economia de água, menos carros circulando nas vias, mais aumenta a qualidade de ar devido a emissão de menos gases poluentes; menos pessoas em um lugar, mais silêncio, etc. Parece que vivemos realmente em um mundo de exageros, em um mundo perdulário e que visa à redução de disso tudo. Economia é arte de administrar o escasso, aquilo que é necessário ser controlado para evitar a falta, o desperdício e o prejuízo. Contudo o "menos" demais pode acarretar a falta, que por fim pode não trazer bons resultados. Sabemos que comer além do necessário é danoso a saúde porque pode levar ao sobrepeso e à obesidade e, por conseguinte, às doenças e complicações decorrentes deles. Por outro lado, a falta da alimentação adequada também gera prejuízos à saúde, como desnutrição, anemia e outras doenças decorrentes da carência dos nutrientes necessários ao organismo. Assim também poderia ser ao projetar a embalagem para os produtos, uma vez que a falta de uma embalagem adequada e mínima o suficiente para manter o produto em condições seguras levaria a sua perda.
             Em diversas situações cotidianas nos deparamos com essas situações, faltas e excessos acarretam resultados que por ora não são benéficos. Aristóteles costuma dizer que a virtude do bem viver está no meio termo e nos extremos estão os vícios. A virtude assim seria a moderação, a ponderação e o equilíbrio. Quando há um desequilíbrio nas decisões da vida é comum ver o oposto como uma solução: para o que há de mais o menos é agradável, para o que há de menos é melhor pensar no mais. Dificilmente alguém vive uma vida em equilíbrio por completo, sempre estamos sujeitos aos vícios, sejam eles a falta, sejam eles os excessos. A susceptibilidade diante da qual se encontram os indivíduos os tornam vulneráveis aos seus vícios e faltas e, portanto, a defesa de medidas extremas. Quanto mais se caminha a um extremo, mais se distância de um ponto de equilíbrio e, assim, com maior nobreza poderá ser visto o "menos" ou o "mais", porque o menos torna o indivíduo mais próximo da melhor decisão da mesma forma que o mais o torna menos distante dela. Um exemplo poderia ser a política, pois pode-se escolher entre direita e esquerda e quanto mais se defende uma posição frente a outra maior será a chance de se perder um referencial de equilíbrio e refletir se algo do oposto pode ou não ser aproveitado, avaliado ou mesmo reformulado, ou ainda, entregar-se a um reducionismo de mundo que se encaminha a um fanatismo ideológico.
             A moderação e o equilíbrio pode conduzir o indivíduo a racionalização, algo que pode ser aplicado de modo prático. Em uma linha de produção se deve ter em mente que um produto deve sempre satisfazer todas as expectativas da qualidade, em especial funcionalidade, segurança e durabilidade, por isso certas economias devem ser muito bem pensadas. Contudo uma empresa não pensa somente na qualidade de seus produtos, mais também no custo para fabricá-lo e no lucro obtido sobre sua venda, o que para ela os excessos para adquirir a boa qualidade não são bem vindos, pois geram desperdícios e perdem. Conciliar qualidade e custos gera lucro, gera bons resultados. Na vida, é comum decisões sempre gerarem consequências más e a redução destas más consequências está na racionalização das decisões. Racionalizar uma decisão e agir com moderação por vezes não é uma decisão simples, merece esforço, discussões, estudos, avaliação de riscos, gravidades e magnitudes e mesmo assim ela não será perfeita. Portanto, de acordo com a situação real há uma avaliação daquilo que será melhor: mais ou menos.