sábado, 26 de dezembro de 2020

Entre a tecnologia e a "dor"

Desastres naturais ou provocados pelo são constantes, de tempos em tempos vemos notícias ou estudamos sobre acontecimentos trágicos, como guerras, terremotos, enchentes, enxurradas, doenças, grandes incêndios, explosões, desabamentos de construções, represas e terras, acidentes com furacões, erupções vulcânicas e os mais diversos acidentes automobilísticos, aéreos e navais. Além dos mencionados, muitas outras situações trágicas podem ocorrer, mas o que mais surpreende é que situações assim servem para despertar na humanidade uma certa "revolução", ou seja, a necessidade de resolver problemas emergentes contribui para impulsionar a adaptação e "evolução" do próprio ser humano.

Há um consenso que na pré-história o ser humano era nômade, vivia basicamente da caça, pesca e coleta de alimentos vegetais (frutos, raízes e folhas). A partir do momento que ele aprendeu a cultivar a terra, houve uma primeira revolução do seu modo de vida, permitindo se fixar sobre uma área de terra. Quando ele aprendeu a domesticar animais houve uma nova evolução, permitindo substituir a caça pelo controle da criação de animais, reforçando um estilo mais sedentário de vida. Os primeiros seres humanos não costumavam fazer reserva de alimentos, eles basicamente cultivavam e preparavam a quantidade para consumo imediato, no entanto, em períodos de seca ou atingidos por outros desastres naturais representava uma ameaça a essas comunidade de seres humanos pela dificuldade em se obter alimentos. A partir daí surge a necessidade de reservar alimentos para poder suprir momentos mais difíceis para a agricultura, pesca ou mesmo criação de animais.

Outra situação que pode obrigar os seres humanos a mudar seu estilo de vida com a relação a mudanças ambientais e acontecimentos inesperados se relaciona com as vestimentas. Em tempos mais frios e com temperaturas muito baixas, a ponto inclusive de nevar, contribui por criar a necessidade no homem de manter uma temperatura confortável em seu corpo e evitar sofrer de uma possível hipotermia que o pode levar a morte. Assim, em tempos mais frios o ser humano precisou desenvolver vestimentas mais grossas e pesadas, muitas feitas com peles e couros de animais. Em tempos mais quentes o ser humano teve que desenvolver roupas mais leves e aprendeu a desenvolvê-las inicialmente a partir de fibras vegetais, tais como o linho e o algodão. Atualmente muitas das roupas são feitas por meio de materiais sintéticos, como a poliamida.

Guerras também contribuem e muito para a evolução tecnológica. Com o desenvolvimento da indústria bélica para alcançar uma superioridade tecnológica em relação ao inimigo para vencer mais facilmente uma guerras, não somente tecnologias ligadas a armamentos evoluem, mas também o desenvolvimento de novos materiais, como exemplo da grande quantidade de materiais poliméricos sintéticos que foram desenvolvidas na Segunda Guerra Mundial ou as tecnologias ligadas a meios de transporte, como veículos terrestres, avanços na indústria naval e aeronáutica. O evento da Guerra Fria propiciou a aceleração da corrida espacial, com uma disputa contínua entre soviéticos e norte-americanos para demonstrar quem detinha maior poder na indústria aeroespacial, propiciando assim acontecimentos históricos como a colocada do primeiro ser humano no espaço (a cadelinha Laika pelos soviéticos em 1957), o primeiro homem a orbitar a Terra (o soviético Yuri Gagarin em 1961) e finalmente o primeiro homem a pisar a Lua (o norte-americano Neil Armstrong em 1969).

Grandes epidemias e pandemias também podem servir como gatilhos para o avanço tecnológico, por meio delas a indústria farmacêutica se desenvolve, novos medicamentos, soros, tratamentos e vacinas, inclusive usando novas tecnologias, encurtando prazos e acelerando estudos. Pesquisas são desenvolvidas e equipamentos modernos e novos são impulsionados pela necessidade de desenvolvimento. Com a pandemia atual já há cientistas e pesquisadores que traçam estratégias antevendo futuras pandemias e aprendendo com os erros e acertos a ver o que necessita ser desenvolvido e aprimorado e como fazer para se antever e preparar-se para o que virá. Assim, guerras fomentam o desenvolvimento de novas tecnologias empregadas em armamentos, mas que podem ser desviadas para outras finalidades mais pacíficas, como a energia nuclear e novos materiais; desastres naturais podem forçar o ser humano a aplicar novas formas de manipular o espaço em que vive, como construções de diques e barreiras de contenção ou ainda aprimorar as técnicas de manejo do solo para evitar erosões pluviais ou empobrecimento do solo e grandes enfermidades podem acelerar a medicina ao encontro de soluções mais efetivas para dificuldades emergentes.