quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O Mundo Doente

         Em diversos séculos e épocas a humanidade foi marcada por desagravos como pestes e doenças, foi assim na Idade Média com a peste negra que devastou cerca de um terço da população européia, no século XIX a tuberculose foi vista como uma grande ameaça e no século passado o advento de novas doenças atormentou a  humanidade, como o vírus da AIDS por exemplo. Segundo cientistas e especialistas, o século XXI tenderá a ser marcado como o século da depressão. Diante disso, o que resta é perguntar quais as explicações para isso?
         Quando se para para analisar as pessoas no mundo atual, umas das percepções que se pode fazer é que há uma facilidade enorme de estabelecer contato imediato e instantâneo entre indivíduos, mesmo que há uma distância considerável, muito mais rápido do que por cartas ou correspondências. Outro fator interessante é que está bem mais fácil estabelecer contatos bem mais amplos, uma vez que redes sociais possibilitam uma criação de redes de contato por oras ampla. É comum também ver a grande necessidades que as pessoas em geral tendem a compartilhar fatos e realizações da sua vida com todo o leque de amigos que têm a disposição e em alguns casos, dependendo do fato, exista, em colaboração com os meios midiáticos, uma extrapolação dessa informação de modo que ela não se restrinja unicamente a redes de contatos da pessoa de interesse, mas atinja também um grupo ilimitado de indivíduos, muitos dos quais não são nem de convivência e nem de interesse para a pessoa que compartilha sua realização. Talvez nunca antes pudemos analisar e enxergar tão claramente a necessidade de carência afetiva a qual passa boa parte da humanidade, fazendo com que ela não compartilhe simplesmente uma simples mensagem ou uma informação de elevado interesse, mas também a necessidade de ser ouvida, de ser vista, de poder expor seus problemas, suas alegrias, suas tristezas e praticamente tudo que vive, de querer receber conselhos, palavras de ajuda e consolo. Para comprovar isso basta verificar nas redes sociais. A vida humana,com os efeitos da globalização, evolução dos meios de comunicação, acesso imediato a dados e informação promovidos pela grande rede virtual chamada internet e toda expansão e evolução da tecnologia, nunca antes se tornou tão exposta como agora e esta exposição contribuir em parte para permite ao ser humano expor aquilo que há dentro de si, não somente a alegria mas também suas amarguras.
         Atrelado a essa necessidade humana de carência vem também a exposição da sua fragilidade, o que a torna mais vulnerável a certas práticas. Falar sobre bullyng no século XXI é bem mais normal do que falar do mesmo assunto no século anterior. Não são somente atitudes agressivas e altamente excludentes que atingem e afetam o comportamento humano, mas simples termos e "brincadeiras" são suficientes para que a pessoa se sinta ofendida. Diante disso, até mesmo o senso de humor existente nas relações humanas deve ser reavaliado e novas concepções devem ser criadas simplesmente como respostas a substituir termos considerados ofensivos capazes de estimular um mal-estar no outro. É lógico que a vontade descabida que alguns têm de atingir e assediar moralmente a outros também, por vezes pela vontade de chamarem a atenção, se torna um fator de agravo.
         A falta de sentido da vida e mesmo a falta de planejamentos e objetivos sempre representou um alicerce da depressão, e de fato não deixa de ser, o caso é que quanto mais se atinge suas realizações e menos se vê sentido do que viver após isso aumenta e muito a falta de vontade sobre a vida. Ver e ficar exposto frequentemente com problemas, principalmente com os criados pela "vida moderna", cira sensações latentes de desconforto, preocupações, lamúrias, melancolias e por fim até depressões. O ambiente também pode ser um fator que contribui para esse problema, até mesmo porque não é saudável passar anos e anos exposto a poluições sonoras, visuais, olfativas (maus odores causados por poluição principalmente do ar), congestionamentos, correrias, entre outras.
         Especialistas também indicam que boas soluções para situações de estresse e depressão são atividades físicas, algo  que boa parte da população mundial menospreza (a taxa de sedentarismo no mundo é bem elevada). A depressão também pode solucionada com um bom convívio humano e do humano com a natureza, o problema é que a vida urbana limita a pessoa a espaços confinados, como apartamentos, cada vez mais reduzidos, e uma vivência mais solitária. A própria vontade humana de não planejar a própria vida e viver em uma completa libertinagem faz com que regras e limites sejam ignorados, como se tudo fosse normal e toda atitude impensada ou leva ao arrependimento e mudança de vida ou infelizmente a temida depressão.
         Juntando a grande carência afetiva exposta com a fragilidade humana e a vontade descabida de ofender aos outros de modo banal (sem necessidade) acrescido dos problemas da vida moderna, a falta de sentido e objetivo de sua própria, aos cuidados da própria saúde e do ambiente proporcionado a sua volta se têm o padrão de vida que proporciona o grande mal do século previsto pelos especialistas. Assim o mundo se torna doente pelos seus próprios sentimentos, uma doença psíquica chamada depressão.
  
              

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