sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Pense em Inglês

         Embora o titulo deste texto seja "pense em Inglês", o titulo poderia ser qualquer outro idioma que se queira aprender, uma vez que os cursinhos de idiomas sempre nos ensinam: "pense no idioma em que deseja aprender". É lógico que essa tarefa não é algo simples, porque a priori a imagem que temos é que simplesmente a língua em que pensamos é a nossa materna e deveríamos simplesmente deixar de pensar em sua existência para imaginar somente a língua que desejamos aprender, como se isso fosse o único fator determinante desse processo de aprendizagem.
          Certamente pensar exclusivamente no idioma que se quer aprender é algo muito bom, mas na verdade a pessoa que aprende um novo idioma sempre se apoiará em um idioma de contato, que não necessariamente seja o materno, embora esse seja o mais comum. Isso acontece porque o idioma de contato dá o sentido inicial das sentenças que são formuladas no idioma a ser aprendido e com o tempo esse processo se torna automático, sem que para tanto o sentido da frase no idioma de contato seja perdido. No entanto, ainda existe um outro fator que não deve ser omitido, que é justamente o fator ambiental. Sabe-se que seres vivos tendem a se adaptar ao ambiente em que vivem e isso é o que lhes garante a sobrevivência. Como o ser humano é um ser sociável ele necessita criar mecanismos de comunicação para interagir com o ambiente em que ele se encontra inserido e um desses mecanismos de comunicação é justamente a linguagem, sendo que essa pode ser expressa pelo fala, escrita, escuta e interpretação.
          Ainda que a linguagem seja processada em um ambiente dentro de um determinado idioma, este idioma pode receber variações de acordo com fatores sociais, geográficos e de instrução dos interlocutores. Essas nuances contribuem para as variações linguísticas, que podem até incidir em dialetos, além dos regionalismos, expressões e termos que possuem sentido para alguns interlocutores, enquanto que a outros do mesmo idioma não existe. Certamente este fenômeno não se aplica somente ao idioma de contato ou materno, mas também ao idioma que se procura aprender e para contornar esse problema o ideal seria pensar na forma padrão e culta, sendo que ela não varia, ela é uniforme e regida por regras (gramaticais).
          No entanto, dificilmente pessoas nativas de um determinado idioma usam a sua língua materna de modo formal, principalmente em situações quotidianas, em que tendem a ser mais flexíveis e usar expressões prontas, mesmo que elas fujam ao padrão e sendo assim, o interlocutor que não esteja adaptado à linguagem do ambiente sente dificuldades com o comunicação. Sendo assim, eles dele pensar no idioma a ser aprendido, ainda deve se preocupar com a forma com que ele é apresentado e com a apropriação do ambiente usado. O processo de pensar em outro idioma exige a mudança inclusive na forma do pensar local e na automaticidade de outros modelos de expressões, por ora até alteração de semânticas e sentenças por completo.
          Não há dúvidas que a melhor maneira de aprendizado é a convivência, pois ela exige que se adapte à cultura do meio em que se está inserido, porque as informações são formuladas e interpretadas no idioma local e de modo constante. Essa constância e iteratividade cria o aperfeiçoamento do aprendizado, uma vez que a realidade está sempre disposta, diferentemente de quando se aprende uma nova língua fora do ambiente propício a ela. Portanto, o desafio que se exige é sempre: "pense no idioma, mesmo não convivendo constantemente (naturalmente) com ele".