Opiniões dissonantes: defender fortemente as próprias convicções ou ser crítico a elas? Criticar os próprios argumentos e arte da autocrítica não é algo simples, ao menos para muitas pessoas. O grande problema atual das críticas são os ataques que são frequentemente feitos àqueles que expressão opiniões sobre o assunto e não ao assunto em si, algo que será sensato e esperado. É muito comum ver em redes sociais e mesmo em embates pessoais, frente a frente sobre um assunto, pessoas se exaltarem com seus antagônicos de opiniões e deixarem de lado o assunto para partir direto para os discursos de ataque à pessoa, usando termos ofensivos e por vezes até de baixo calão. Achismos, induções, falsas acusações, más interpretações e boatos se tornam altamente comuns em um ambiente tóxico ao debate e ao confronto de ideias. Posições fanáticas, que não se abrem a críticas e modos distintos de enxergar resoluções ao mesmo problema, alienações da conduta e forma de pensar, a manipular de informações e notícias, a criação de narrativas com finalidade indutiva de formar opiniões, a forma ortodoxa de enxergar soluções somente em uma linha de ação, a base muito bem pautada no senso comum e a omissão de casos adversos e que repercute negativamente para o nosso ponto de vista sobre qualquer assunto que seja são muitos impeditivos que nos proíbe que fazer reflexões e autocríticas.
A saída do grande enigma de saber se é 6 ou 9 pode se no diálogo, nas reuniões, na capacidade de ouvir, na capacidade de "colocar todas as cartas sobre a mesa". Grandes desafios da ciência e da engenharia são resolvidos na base de discussões entre profissionais e especialistas, cada qual defendendo seus argumentos com todos os atributos que lhes cabe. Certamente, ao fim de tudo, quando se reina o bom senso, as análises de todos os pormenores, riscos e oportunidades, visa-se acatar a melhor proposta ou a que seja menos danosa. Mas se nenhum deles se abrir as propostas alheias, não haverá um senso comum, nada de produtivo será acatado e os problemas continuarão sem solução. Medidas, opiniões, argumentos e arguições devem ser acompanhadas à medida que são implantadas. Cabe as pessoas observarem a forma de pensam sobre um assunto específico e estudar o como ele realiza, como se encaixa no funcionamento das coisas, compreender o porquê o outro pensa diferente, compreender experiências diversas, olhar para uma posição crítica a sua e procurar sempre o equilíbrio e não a arrogância. Reconhecer nossas falhas e as formas diferentes de pensar diferentes soluções, monitorar cada uma delas e verificar se elas satisfazem ou não. Não adianta persistir em uma mesma visão ou solução de um problema se ele não entrega aquilo que se quer. Como Einstein dizia: "Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual". Por oras é necessário refletir e olhar profundamente sobre nossas convicções e ver se os resultados que dela esperamos fazem sentido mesmo ou apenas demonstram nossa própria intransigência de dialogar com o diferente.
Pensar em como o outro pensa e tentar entender o porquê dele enxergar 6 onde enxergamos 9 ou de enxergar 9 onde enxergamos 6 deveria ser visto como algo valioso, quiçá ambos estejam certo dentro de uma perspectiva diferente de ver o mesmo problema. O consenso nesse caso poderia ser abrandado a uma postura intermediária, que amenize problemas e otimize soluções, mas se não há cooperação de todos, então o diálogo se torna desnecessário e todas as críticas são meramente destrutivas, criando mais caos, incertezas, intrigas, confusões e divisões. Enfim, para haver consenso é necessário deixarmos de lado pressupostos, nos abrirmos ao diálogo e entender o contraditório, nos atendo sendo ao argumento contraditório e não ao argumentador do contraditório.
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