terça-feira, 25 de maio de 2021

Ser Humano, Um Ser Insaciável

              Há quem diga que o ser humano é frágil, é fraco, que muito erra, que é limitado. Há quem diga que ele é mau por natureza, ou que sua essência seja boa, ou ainda que sua essência seja boa embora seja tentado a sua fraqueza e seja estragado pelo que há de mau. No fundo, o ser humano é uma ser inconstante.

              De fato o ser humano é um ser incompleto, um ser que nunca se satisfaz. Um ser que quando satisfeito se acomoda, mas que no fundo isso o incomoda, pois vê sua vida dinâmica. Se na vida tudo passa e tudo se transforma, por que ficar sempre preso ao mesmo lugar, às mesmas vontades ou aos mesmos modos de vida?

              No fundo, o ser humano está sempre se inventando e reinventando e seu espírito aventureiro sempre o coloca na posição de explorador. Quando o ser humano atingiu a civilização no mundo ocidental, em especial na Europa, isso por si no início bastava e tão logo não era mais o suficiente. Necessário era desbravar e conquistar novos territórios do continente e mesmo os conquistando isso já não satisfazia o anseio humano. Sua insatisfação o levou a navegar novos mares e alcançar o Novo Mundo. E quando dominou o Novo Mundo em seguida não mais o satisfazia. Era necessário desbravar o Novíssimo Mundo. Mas o Novíssimo Mundo passou a ser ultrapassado, agora o encantar está fora do planeta.

              Em sua ânsia, o ser humano alcançou a Lua, que já não mais o basta. Vieram satélites, um mundo novo a ser descoberto. Marte é a nova parada, o novo lar da colonização humana. Satélites já alcançaram os limites do Sistema Solar e certamente irão além. E além irá a humanidade.

              O que isso ajuda é entender a inconsistência humana. Cada ser humano é algo em particular, algo que o distingue de todos os demais seres humanos. Para adotar uma mesma regra e um mesmo ponto de vista para todos seguirem é algo complexo, tortuoso. Nem todos os seres humanos gostam de se submeter a medidas que limitem sua liberdade, ou sua capacidade de inovar, ou seguir regras que o limite, que o distancie de seus planos, seus objetivos, seus entretenimentos, seus gostos. Limitar um ser humano a um espaço não é uma tarefa simples, alguns se sujeitam, outros não. Alguns entendem, outros concordam, outros cumprem não concordando enquanto muitos descumprem mesmo concordando. 

              Mas no fundo seres humanos são movidos por seus medos, temores esses que são diversos e que podem muitas vezes estar em pontos distintos. Alguns podem temer a fome, enquanto outros o desemprego, ou pela própria vida ou a saúde. Alguns temem pelos outros e outros por si mesmos. Porém, todo anseio é de difícil controle e se aguda o descontrole quando o anseio se imiscui aos medos.

              O ser humano não é sempre conivente ao convencionado correto. Ele se desvirtua, se entrega a seus prazeres mesmo ciente de seus riscos. Mas a essência humana se respalda em riscos, riscos por ora inconsequentes, riscos que quando transgredidos podem incutir em problemas ou em soluções não esperadas. O ser humano sente, necessita, arrisca-se, explora, acomoda-se ou não se satisfaz. Enfim, o ser humano é sempre um ser incompleto, que por mais que vise a sua completude nunca a alcança e por vezes não admite que alguém interfira ou limite sua busca insaciável e inatingível de sua satisfação sempre incompleta.           

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